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Começar o ano com paladar


Na nossa casa, o novo ano começou de forma positiva e não fomos supersticiosos – não entrámos com o pé direito, estávamos era com covid e com tudo o que isso implica: trocar os vestidos shining, os saltos altos e os espumantes a imitar champanhe francês pelo quarto e os romances americanos e pirosos sobre o Natal da Netflix.

No meio de tantos isolamentos, não nos podemos queixar: ao menos começámos com o paladar, a estirpe não nos roubou aquilo que tantas alegrias nos deu em 2021, e este artigo é sobre isso – um balanço gastronómico do ano que passou.

2021 foi um ano de pouca vida social, mas teve algumas «surpresas caseiras», que por vezes são as melhores.

Quando me perguntaram qual a melhor refeição que tivemos no ano passado, a resposta foi automática: a melhor refeição foi sem dúvida o nosso pequeno-almoço no meio das vinhas da encosta da baía de São Lourenço, na ilha de Santa Maria. Comemos bolo lêvedo com café, biscoitos de orelha com doce de tomate capucho ou fisálias, queijo de São Jorge e meloa da ilha. Tudo comprado numa mercearia na Vila do Porto. A simplicidade desta refeição faz-me acreditar que não precisamos de ir longe quando estamos nos Açores.

Já pensar no melhor vinho de 2021 não foi tarefa fácil, apesar de o confinamento nos ter limitado a abertura de diferentes garrafas com probabilidade de serem bebidas em restaurantes. Este ano acabou por ser um bom ano de aprendizagem e de treino do paladar (que, graças a Deus, não o perdemos). Em casa, com tempo e com calma, há um ambiente harmonioso para se aventurar no mundo do vinho – podem aproveitar o confinamento para novas garrafas, fica o conselho.

Assim, em vez de eleger o melhor vinho de 2021, vou escolher as três inesquecíveis harmonizações de 2021:

1) Sushi & Terras de Lava branco (Pico Wines): a mineralidade deste vinho ajudou a desposar o sushi e a prolongar sabores. (Com sushi, ter um bom vinho é tão importante quanto ter uma boa soja.)

2) Veja e atum fumado (Casa do Portinho) & Frei Gigante (Pico Wines): o equilíbrio entre o Verdelho, o Arinto e o Terrantez do Pico proporciona a acidez necessária para agarrar o fumado do peixe – é uma combinação que eu descrevo como: fogo na palha.

3) Por fim, um ensaio inesperado, cracas & Pedras Brancas (Adega e Cooperativa Agrícola da Graciosa), um DOC da ilha da Graciosa. Dá um gosto enorme ver os vinhos da ilha da Graciosa a voltarem a ganhar terreno nas nossas mesas. Um vinho equilibrado e suave como a própria ilha: quando penso na Graciosa, penso em descanso – e assim foi, quando bebemos este vinho na varanda da Casa de São Pedro.

Que 2022 seja um ano cheio de sabor.


Preços no supermercado Guarita:

Terras de Lava: 4,51 €

Frei Gigante: 11,99 €

Pedras Brancas: 12,99 € Crónica publicada Diário Insular, 17 de Janeiro 2022

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