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Wana Bi 2017 - Niepoort

No último post aqui, já tinha dito que foram as saudades a motivar-me novamente para a escrita, e porque gosto de escrever do que gosto, falo de comida, de vinho e de viagens (tenho que incluir também o Francisco, que por sinal me ensina tanto, tanto sobre tudo isso).

Desta forma decidi hoje escrever sobre vinhos (*), mais propriamente escrever sobre um vinho verde, ou melhor da minha conversão ao vinho verde (já tinha relatado em tempos outra minha minha conversão ao Rosé, com o Poente da Quinta da Roga aqui). (*) Tenho uma meta 1 semana 1 vinho, que tal? [Não sei se sou a única, mas quando pensa em vinho verde penso logo no folclore do Minho.... Talvez seja uma das provas da popularidade e da tradição deste vinho.]


O vinho verde para mim foi algo que me transportava para o passado, nomeadamente às minhas primeiras saídas à noite, em que todos os fins de semana começávamos com um jantar na Cervejaria Moka, durante anos era o mesmo grupo de amigos e o mesmo menu, uma tradição tão forte.

Sei que não serei a única a ter presente no seu primeiro grupo de amigos, nas primeiras saídas à noite a memória de uma mesa com muitas garrafas de Casal Garcia? #Medo.

Foi no tempo que ainda se podia fumar enquanto se comia, no tempo em que o poupar era mais precioso do que a qualidade e foi o nesse mesmo tempo que entrou o vinho verde na minha vida, mas infelizmente foi ali que ficou estacionado durante alguns anos (até o Francisco me salvar).

Não sabíamos beber vinho, eramos pobres jovens, ou melhor jovens pobres, que somente apreciavam a frescura e, claro, o preço barato.

Assim o vinho verde tornou-se na minha vida um a.k.a. do Sumol, uma emanicipação para a vida adulta, e eu hoje, aqui publicamente, peço desculpas por isso, por ter reduzido um vinho com bastante importância para o nosso país a uma bag in box ou a uma garrafa com rolha de xarope. Mea Culpa!

Na altura não conhecia a beleza das regiões de Monção e Melgaço, não tinha noção que uma das uvas brancas mais famosas do mundo era o Alvarinho, a famosa uva do vinho verde, não tinha a capacidade para compreender a acidez e deixa-la brilhar, querer beber copos sem compreender o que se bebe: um clássico na vida de um adolescente.

Contudo, como sempre, um dia o Francisco ajudou-me a olhar para o vinho verde com olhos de ver (e de sentir) para além do olhar. Em primeiro lugar precisei de deixar o preconceito e nada melhor para isso que uma boa tarde de sol num jardim de uma casa beirã. Devagarinho fui percebendo que nem sempre aquilo que é leve ou que é simples e descomplicado não tem porque não ser complexo em sabor, um bom vinho verde é fresco mas também tem aromas, tem vida, tem acidez.

E essa filosofia do vinho verde acaba também por definir o produtor do vinho em questão. Dirk Niepoort é para mim o produtor de vinho que mais consegue descomplicar o vinho sem tirar a complexidade do mesmo (não sei se isto foi uma redundância?)

Wana Bi 2017 é um vinho que ficou marcado não só pela sua qualidade mas pela lembrança de um bom jantar de sushi entre amigos. Este Alvarinho tem aquilo que eu esperava num vinho verde, a frescura, o equilíbrio da acidez com uma "doçura discreta", é o Alvarinho a brilhar no copo, numa garrafa elegante com um rótulo arrojado, com a dignidade que o vinho verde merece e que nem a sempre tem. Wana Bi 2017 naquela noite de sushi, não foi somente um símbolo de um momento feliz , mas foi uma conjugação perfeita do sashimi, do vinho e da amizade. É um vinho bonito e é a minha conversão ao vinho verde.

Uma música para este vinho? Wana Bi combina tanto com Bill Withers, aqui fica Lovely Day! #BonsCoposEBoasMusicas



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